Cá por casa - Será que o nosso prédio se transformou num hotel? #3

Será que o nosso prédio se transformou num hotel? 

Estamos chocados, indignados e inconformados. Já no Verão tínhamos reparado que no nosso prédio havia um vai-e-vem de pessoas desconhecidas, por norma estrangeiras, e as quais permaneciam pouco mais de uma ou duas semanas, mas pensámos nós na nossa inocência, e não querendo dar razão às notícias dos telejornais, que seriam familiares de quem lá morava. Contudo, hoje, deparámo-nos com uma situação no mínimo caricata. Saindo do prédio os dois, depois de almoçar, estava uma família, que seria um pai com três filhos (dadas as semelhanças de todos) à entrada, à espera que alguém lhes abrisse a porta. Como nós íamos a sair, a família aproveitou para se esgueirar para dentro do prédio e perguntar-nos, num inglês perfeito, se ali seria a recepção (local onde é o hall de entrada e tem apenas uma secretária onde nunca vimos ninguém). Descobrimos então, naquele momento, que o nosso prédio passou a ser um hotel, ou pelo menos é-o no entender dos turistas que por lá passam. 
É triste como se tem usado e abusado daquelas que deveriam ser casas de habitação para serem casas de short renting, sabemos que é um facto consumado de que plataformas como o AIRBNB estão na moda e a zona onde moramos também, mas está a tornar-se ridícula a proporção de casas utilizadas para turismo em comparação com as que são de facto primeira habitação, já para não falar dos preços exorbitantes praticados para venda de imóveis, que só alguém com muito capital, consegue de facto comprar, sendo que grande parte delas são compradas por capital estrangeiro, com dinheiro na mão, para casa de férias ou para short renting, como referido
Para além disso e, como se não bastasse, o português para comprar uma casa tem de juntar, no mínimo 20 mil euros (isto se for uma casa a rondar os 150 mil euros) para escritura e pelo menos 10% da entrada do imóvel,  visto que os bancos não emprestam a 100%, dadas as medidas tomadas pelo Banco de Portugal desde Junho/Julho de 2018. 
Posto isto, um casal jovem, a entrar nos 30 anos como nós, só poderá ter filhos lá para os 40 anos, tendo em conta que, segundo o cenário que temos, só aí conseguiremos juntar o dinheiro necessário para comprar uma casa e, muito provavelmente, nessa altura, quando fizermos a oferta para a casa, alguém dará mais qualquer coisa por ela e pagará a pronto, pelo que continuaremos na fila de espera ou teremos de ir viver para o interior.
Portanto, Sr. Primeiro Ministro, já que estamos em fase de aprovação de Orçamento de Estado e de tomar novas medidas, seria bom pensarem numa medida de proporcionalidade de casas para turismo para casas de primeira habitação, a não ser que queira transformar todo o litoral num hotel contínuo de 5* destinado só ao turismo. 
E como "quem não se sente não é filho de boa gente", quem se indigna como nós que partilhe connosco e que partilhe esta publicação. O vosso prédio também se tornou num hotel? :)



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